Eduardo Rui Alves
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Crónica #05

O SONO ou a ancestralidade ainda aqui

E isso não é um empecilho, nem uma limitação. Pelo contrário, é uma informação preciosa que garante ter a consciência da necessidade de reabilitar o organismo para enfrentar no dia seguinte.
Por mais que tomasse café, as noitadas eram sempre difíceis. A solução parecia ser comer um bom jantar, pois com a barriga cheia, garantia-se um melhor estado de vigília ao longo de toda a noite. A coisa pareceria resultar. Mas havia sempre um momento, às 3 ou às 4 horas da manhã, em que o sono e um inevitável cansaço parecia vir do nada, apesar dos 6 cafés, bebidos, meticulosamente, ao longo do dia. Pelas 6 horas vinha a soneira de novo e só mesmo um pequeno-almoço reforçado, em boa companhia, parecia trazer alguma esperança. Seja como for, o dia seguinte era passado em modo zombie.

Alguns de nós tentamos esta façanha: uma direta. Há quem o consiga de forma heroica. Num plano mais soft, há os heróis e génios que dizem só precisarem de dormir quatro horas por noite. Napoleão seria um destes tipos que se julgava acima da natureza e orgulhava-se de dormir pouco.
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Curiosamente, Shakespeare, um homem do séc. XVI, tecia elogios ao sono e a uma noite bem dormida, como ponto de partida para alcançar ou manter a boa saúde: “Ó sono, sono gentil, suave enfermeira da Natureza, como te assustei?”. Thomas Dekker, também dramaturgo, mas do séc. XVII dizia "O sono é a corrente dourada que liga a saúde aos nossos corpos". Poder-se-á pensar que eram homens do teatro, que se deitavam às tantas da madrugada por dever de ofício e lamentavam a sua falta de saúde.

Já Edison, que talvez pretendesse apenas vender as suas lâmpadas elétricas, resmungava: “O sono é uma perda de tempo criminosa e uma herança do tempo das cavernas.”

Hoje sabemos a importância do sono e de uma noite bem dormida. Os médicos e investigadores da área, bem se esforçam por bradar aos 4 ventos a importância do sono e a forma como o desperdiçamos. Mas nós continuamos com os olhos fixos nos écrans dos computadores, dos tablets ou mesmo dos smartphones. Sim, porque a televisão, já começa a ser uma coisa do passado.

O séc. XIX trouxe esta ingénua ilusão que poderíamos aceder á categoria de super-homens ou semi-deuses, colocados acima da natureza. Primeiro, foi a máquina a vapor, depois a eletricidade, seguindo-se as descobertas da química.

Analisando tudo o que se sabe acerca do sono, das suas várias fases e de todos os processos que ocorrem ao longo daquelas necessárias 8 horas (pelo menos), lembramo-nos que por detrás desta máscara de super-homens, quase deuses, temos inevitavelmente pés de barro, ou pelo menos, um corpinho de carne e osso.
O Homo sapiens continua a ter uma dimensão biológica, apesar do mundo tecnológico que aí está para ficar. Apenas um exemplo desta ancestralidade que vem do paleolítico é esta inevitável necessidade de dormir.

Quanto mais se conhece acerca dos processos que decorrem ao longo das várias horas de sono, maior é a importância que atribuímos a este estado, em que se mergulha numa espécie recolhimento extremo. Por um lado, é durante o sono que se dá a eliminação de substâncias nocivas ao organismo a partir dos tecidos celulares do nosso corpo. Há também uma intensa síntese proteica, que irá reconstituir os tecidos e o nosso organismo em geral. Mas parece haver ainda um interessante processo de reorganização das informações no cérebro. Estas são apenas alguns dos muitos processos já hoje conhecidos, que decorrem durante o sono.

Quantas vezes adormecemos adoentados, com a ameaça de vários sintomas gripais e no outro dia, depois de várias horas de sono reparador, acordamos renovados e cheios de energia?

O sono é apenas um exemplo da relação que continuamos a ter com a nossa ancestralidade, que remonta há milhares ou mesmo milhões de anos.

E isso não é um empecilho, nem uma limitação. Pelo contrário, é uma informação preciosa que garante ter a consciência da necessidade de reabilitar o organismo para enfrentar no dia seguinte. Após uma noite bem dormida, tudo se enfrenta, mesmo os mais terríveis desafios. E quando adormecemos preocupados, sem saber como resolver um problema, vale a pena lembrar que a solução poderá surgir no dia seguinte, até porque “a noite é boa conselheira”.

Mas bastará dormir para termos o corpinho tonificado?
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A resposta a uma pergunta, leva sempre ao surgimento de outras tantas perguntas interessantes...
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©Eduardo Rui Alves, Sintra/Portugal, 2018.

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